De Arrascaeta é um dos principais jogadores do Flamengo. Campeão brasileiro, da Libertadores, incontestável e um dos pilares do time, o uruguaio poderia ter outro destino no Brasil. A entrada no país pelo Cruzeiro por pouco não acabou ocorrendo no Internacional. Mas, a direção da época o considerou “reserva caro” e preferiu investir em Anderson.
A história de Arrasceta com o Colorado começou no fim de 2014. A direção da época já via nele todo potencial que posteriormente o uruguaio mostrou ter. O então diretor de futebol, Roberto Melo, procurou o Defensor, do Uruguai, e alinhou a chegada do jogador por valor correspondente a aproximadamente R$ 10 milhões. O acordo ocorreria com auxílio do investidor Delcir Sonda.
O problema é que pelo caminho tinha uma eleição. Marcelo Medeiros, homem do futebol na gestão de Giovani Luigi, foi derrotado por Vitório Píffero, e o Colorado mudou de rumo, com a negociação indo pelo mesmo caminho.
Píffero perdeu a parceria de Sonda com a mudança no regulamento para participação de investidores no futebol e queria parcelar o pagamento. O clube uruguaio só liberaria Arrascaeta com pagamento imediato e viu surgir o Cruzeiro também como postulante. Eis que o Colorado se retirou do negócio e Arrascaeta foi definido como “caro para ser reserva”.
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“O ingresso do Cruzeiro na negociação foi algo normal. Por uma série de motivos, o Inter fica dentro do seu parâmetro e sai do negócio. De qualquer forma, De Arrascaeta seria reserva se viesse. E, para um reserva, seria caro”, disse Píffero ao jornal Zero Hora na ocasião. Alex, D’Alessandro, Valdivia, João Paulo, Alisson Farias e Sasha eram as opções usadas no meio-campo naquela época.
E não foi só pela questão financeira. A direção da época já tinha em mente seu alvo para o meio-campo. Era Anderson, formado na base do Grêmio e que estava sem clube. Enquanto tratava com Arrasceta, o time gaúcho já havia encaminhado acordo com o ex-Manchester United, que foi anunciado semanas mais tarde num contrato de quatro anos, cujo salário batia em R$ 500 mil mensais, e mais luvas de R$ 4 milhões.
O resultado foi catastrófico. Anderson nunca se firmou entre os titulares do Inter, chegou a ser emprestado ao Coritiba e acabou rescindindo vínculo no início de 2018. O acordo de pagamentos em 30 meses foi encerrado em 2020.
Ainda que tenha sido semifinalista da Libertadores de 2015, o Inter viveu a pior temporada de sua história em 2016, com rebaixamento para Série B do Brasileiro. Píffero foi excluído do quadro social do clube junto com alguns pares de direção anos mais tarde por supostos desvios de recursos do clube, e sua última passagem pelo Beira-Rio ainda é alvo de investigação no Ministério Público.
Sucesso no Flamengo
Ao preterir Arrascaeta, o Internacional abriu espaço para uma investida posterior do Cruzeiro, que apostou no então desconhecido talento uruguaio. Após arrebentar pelo clube celeste, o uruguaio se valorizou, se firmou como um dos melhores do Brasil e chegou ao Flamengo a peso de ouro.
Contratado por cerca de R$ 80 milhões, inaugurou uma era de reforços caros e badalados que teve início na gestão de Rodolfo Landim. A transação foi a mais cara do Rubro-Negro até as aquisições de Pedro e Gabigol.
Em campo, o meia justificou cada centavo investido pelo Fla em seu futebol. Após ser preterido por Abel Braga, que não encontrou um lugar no time para o jogador, ele explodiu com a chegada de Jorge Jesus, tornando-se decisivo para as conquistas do Brasileiro e da Libertadores de 2019.
Ao lado de Gabigol e Bruno Henrique, formou um trio que demoliu os rivais e que segue dando dor de cabeça até hoje. Com 100 jogos pelo Fla, soma sete gols e oito assistências na atual edição do Brasileiro.
No Ninho do Urubu, “Arrasca” tem status de craque e de titular incontestável. Depois de oscilar com o time, subiu à medida que a equipe reencontrou o bom futebol. Com liberdade para circular, o atleta cumpre papel importante também sem a bola no pé, já que suas movimentações abrem espaço para os companheiros e confundem os rivais.
Recuperado de dores no tornozelo, o astro é presença mais que confirmada para o jogo de domingo (21) contra o Internacional, às 16h, no Maracanã. O duelo é considerado uma “final”, pois poderá decidir o título do Nacional.
UOL: Marinho Saldanha e Léo Burlá