O Flamengo busca um técnico estrangeiro, e Vítor Pereira, da escola portuguesa, é um dos nomes que agradaria o clube. Atualmente no Fenerbahce, da Turquia, o treinador de 53 anos é uma opção mais complicada para a diretoria, já que tem contrato até 2023 com o clube. Por outro lado, é dos mais vitoriosos dos especulados na Gávea.

Pereira acumula cinco grandes títulos na carreira. O primeiro deles, o do Campeonato Português de 2011/12 pelo Porto, rendeu um início como treinador badalado para um ex-meia pouco brilhante quando ainda atuava.

No Estádio do Dragão, o treinador substituiu Andre Villas-Boas, de quem foi auxiliar, após uma temporada histórica, de vitórias na liga nacional e na Liga Europa em 2010/11. Antes de chegar à posição, havia comandado clubes modestos como o Espinho, de sua terra natal, o Sanjoanense e o Santa Clara, além das categorias de base do próprio Porto.

Pressão no adversário

Por lá, deu o cartão de visitas do que se trata sua ideia básica de jogo: equipes que gostam de pressionar o campo do adversário e que atacam com amplitude, abusando dos pontas e laterais que acham espaço entre as linhas adversárias.

Com a bola, seus times tentam sufocar o oponente em seu próprio campo, trocando passes rápidos e subindo suas linhas. Os pontas normalmente fazem função importante, com a responsabilidade do último passe antes da finalização.

O estilo deu muito certo em Portugal e surpreendeu com um dos melhores ataques do país: média de 69,5 gols por temporada nos dois anos em que esteve lá. As principais dificuldades são defender contra-ataque: seus times costumam levar muitos gols na transição após erros ofensivos, pegos de surpresa com a linha de defesa adiantada.

O português também exige muito de seus defensores. Alterna entre três, quatro ou até cinco no setor. Gosta de uma saída de bola organizada e mais precisa na troca de passes, buscando a superioridade numérica contra adversários que os pressionam.

Conhece brasileiros

A penúltima experiência de Vítor foi no Shangai SIPG, da China. Por lá, treinou um time que tinha um trio de ataque poderoso, formado pelo austríaco Arnautovic e os brasileiros Oscar e Hulk. Por lá, mudou um pouco seu estilo de jogo e passou a comandar de forma mais cautelosa, defendendo em bloco com linhas de meias e defensores no seu próprio campo, buscando os contra-ataques.

A estratégia deu certo e o português conquistou a Liga Chinesa em 2017/18, além de acumular recordes no futebol do país. Essa capacidade de adaptação rendeu bons números na carreira de Pereira.

Entre seus melhores aproveitamentos, teve 69% de vitórias no Porto, 58% no Shangai e 66% no Olympiacos, da Grécia — onde foi campeão nacional. Ao mesmo tempo, viveu passagens fracas no Al Ahli (Arábia Saudita) e no 1860 Munich (Alemanha), onde viu sua equipe ser rebaixada para a terceira divisão.