A partida deste domingo(20), envolvendo Flamengo e Bahia foi recheada de gols e confusões. O rubro-negro saiu na frente, abriu dois gols de vantagem, sofreu a virada do Bahia em 13 minutos e depois passou a ficar à frente novamente. No entanto, um lance lamentável melou a grande partida que as equipes fizeram. Gerson, do Flamengo, acusou Índio Ramirez, do Bahia de racismo. O zagueiro Paulão, do Fortaleza concedeu entrevista e falou sobre o caso após derrota para o Ceará, no Castelão.

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– É muito difícil. Mais uma vez complicado falar sobre isso. Passou da infantilidade, da pequenez. A gente não se posiciona diante de muitas coisas, agora que a gente está se posicionando diante do racismo. Dentro do futebol brasileiro, onde há uma mistificação muito grande, uma pandemia acontecendo, a gente vai ligar para coisas pequenas, como o fato de falar com o outro por conta de uma situação de cor? Ele é um idiota. Digo que é um idiota por agir dessa forma -, disse ele em entrevista ao Esporte Interativo.

– É tanta briga, tanta dor, sofrimento, para agora no jogo, no momento que a gente se desliga do mundo […] Eu não consigo entender o que passa na cabeça, ainda mais na Bahia, onde eu moro, e a maior parte das pessoas são negras. É muito difícil falar sobre isso. Gerson, passo meu apoio, irmão. Estamos juntos, a cor é forte -, completou na sequência.

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Assista o vídeo da fala do zagueiro do Fortaleza:

Além de Paulão, outros jogadores e vários clubes se manifestaram sobre o acontecido.

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Veja abaixo o que postou o Vasco:

O São Paulo, também postou um apoio ao meia do Flamengo:

Palmeiras também:

Grêmio:

Cruzeiro:

O meia do Flamengo também postou uma nota nas redes sociais. Veja o texto da íntegra:

“Amo minha raça e luto pela cor.”

O “cala boca, negro” é justamente o que não vai mais acontecer. Seguiremos lutando por igualdade e respeito no futebol – o que faltou hoje do lado contrário. Desde os meus 8 anos, quando iniciei minha trajetória no futebol, ouço, as vezes só por olhares, o “cala a boca, negro”. E eles não conseguiram. Não será agora.

“Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Não adianta ter o discurso, fazer campanha, e não colocar em prática em todos os aspectos da vida, inclusive dentro de campo. O futebol não é algo fora da sociedade e um ambiente onde barbaridades como o “cala a boca, negro” podem ser aceitas.

É uma pena nós, negros, termos que falar sobre isso semanalmente e nenhuma atitude no esporte ser tomada a respeito. E é mais triste ainda ver a conivência de outras pessoas que estão dentro de campo e que minimizaram e diminuíram o peso do ato de hoje no Maracanã. É nojento conviver com o racismo e ainda mais com os que minimizam esse crime.

Não vou “calar a minha boca”. A minha luta, a luta dos negros, não vai parar. E repito: é chato sempre termos que falar sobre racismo e nada ser feito pelas autoridades.

Racismo é crime. E deve ser tratado desta maneira em todos os ambientes, inclusive no futebol.

Não me calaram na vida, não me calaram em campo e jamais vão diminuir a nossa cor.

Vale destacar que no Brasil, racismo é crime previsto na LEI Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que prevê punição para casos resultantes de discriminação ou preconceiro de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, com pena que projeta reclusão de dois a cinco anos.

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