O Flamengo cumpriu à risca o manual de planejamento de um time campeão. Após conquistar cinco títulos entre 2019 e 2020, renovou e valorizou suas principais peças, como Bruno Henrique, Everton Ribeiro e Arão. Comprou Gabigol, e ainda manteve o fôlego antes da pandemia para reforçar o time, apesar da queda de diversas receitas que se anunciava. Mas nem todos entraram nesse bonde. Obrigado a frear os investimentos, a diretoria termina a temporada ainda sem conseguir dar o mesmo tratamento a Arrascaeta.
No caso do uruguaio, ficou combinado entre jogador e clube que o assunto seria colocado em pauta ao fim do Brasileiro, nas próximas semanas. No entanto, já houve a sinalização de que não há dinheiro no momento para promover Arrascaeta ao patamar salarial das principais estrelas, como Gabigol, em função do orçamento previsto para 2021.
O stafe do jogador, ao assistir o clube iniciar o ano adquirindo o centroavante Pedro, que custará 14 milhões de euros, espera que a promessa seja cumprida, e já avalia a venda de Arrascaeta na próxima janela de transferências, a depender do que indicar o Flamengo.
A questão é que o meia-atacante tem contrato até o fim de 2023. O clube, que pagou caro para tirá-lo do Cruzeiro, se vê no direito de exercer o vínculo e se proteger da saída do atleta por qualquer valor, em função de uma multa rescisória de 40 milhões de euros. Outro contexto que beneficia o Flamengo é o tempo em campo de Arrascaeta na temporada. Ficou acordado em contrato que o Flamengo teria que comprar o percentual que caberia ao Defensor, do Uruguai (25%), caso o jogador atuasse por mais de quatro mil minutos ao fim de cada uma das quatro anos de contrato. O que não aconteceu em 2019 e nem vai acontecer ao fim da temporada 2020 – faltam 500 minutos diante de apenas três jogos do Brasileirão.
Na verdade, a quantia deverá ser repassada ao empresário de Arrascaeta, Daniel Fonseca, que comprou a parte do Defensor logo após a negociação. E esperava que o Flamengo adquirisse o percentual no momento da renovação com o jogador. Vale lembrar que o clube da Gávea pagou R$ 63,7 milhões para comprar o uruguaio do Cruzeiro, em 2019. Na ocasião, o Flamengo investiu 18 milhões de euros por 75% – 13 milhões de euros pelos 50% do Cruzeiro e 5 milhões de euros por 25% do Defensor. Arrascaeta segue em alta no Flamengo, chegou a receber sondagem do mundo árabe ano passado, mas não faz uma temporada tão incrível como a de 2019, tal qual todo o elenco. O que inibe ofertas de grandes centros. Hoje, uma proposta na casa dos 25 milhões de euros já será levada em consideração.
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Conversas com Gerson
Outro que ficou de fora do ciclo de valorizações após o ano mágico de 2019 foi Gerson. Após ter conversas adiadas do começo para o fim do ano passado, o cenário da pandemia segurou novamente o ímpeto do Flamengo.
Com o vínculo semelhante ao de Arrascaeta, até o fim de 2023, o meia é considerado peça insubstituível e o clube só aceita negociar por valor próximo da multa, de 70 milhões de euros.
Mesmo sem a valorizaçao dos demais, Gerson tem identificação com o Flamengo e seu pai e empresário, Marcão, só cogita a saída em caso de volta para um grande da Europa.
As partes já haviam conversado sobre renovação no primeiro semestre de 2020, antes de travar tudo. E o jogador sinalizou que o foco seguia no Flamengo e na seleção brasileira. Como a convocação não veio, o assédio também não cresceu.
Gerson foi comprado junto à Roma, e o Flamengo pagou quase R$ 50 milhões.
Por: O Globo